Desejos sem traições, um homem sem amarras
MOA SIPRIANO: Eu sempre digo que, se o ato de escrever não fizesse parte da minha trajetória evolutiva, eu seria um suicida em potencial. Se eu não encontrasse uma maneira de expor tudo o que sei, tudo o que vi, tudo o que aprendi, fatalmente a sra. Depressão tomaria conta da minha alma atribulada e eu me tornaria mais um fracassado na passagem por esse purgatório chamado Terra, como tantos outros covardes acomodados que não têm (ou não querem ter) capacidade de viver seus sonhos e realizar seus objetivos de vida.
O que levou você a escrever histórias eróticas? Sabe dizer que influências literárias permeiam sua obra?
MOA SIPRIANO: Toda arte é sensual e pode até ser erótica, porém deve ser provocativa. Senão, não teria sentido algum ser chamada de “arte”. Transcrevo o erotismo que há em mim, que faz parte da minha personalidade, com o intuito de abrir mentes e caminhos.
Foi por causa de Genet que acreditei ter capacidade de me transformar num bom contador de histórias passadas entre homens. Como Jean, sou um homem que escreve para homens, independente de suas opções ou anseios sexuais.
Percebo que minha literatura liberta os gays de suas amarras medonhas e, ao mesmo tempo, abre caminho para os simpatizantes, que encontram em meus textos maneiras de compreender a diversidade, ampliar a tolerância e aceitar o óbvio: no final de tudo, somos todos exatamente iguais, em sentimentos, dores e alegrias.
Sua linguagem é jocosa, com vocabulário amplo, mas estruturas simples. Isso reflete apenas seu jeito natural de falar? Ou há um propósito por trás desse estilo de escrita?
MOA SIPRIANO: Acredito que a maneira de expressar minhas tramas tem muito a ver com uma espécie de, digamos, sarcasmo diante das situações clicherianas das nossas vidas. Jamais tive a pretensão de “escrever certinho”; tornar-me um daqueles escritores aclamados pela crítica, mas chatetérrimos de serem consumidos enquanto produto literário e de entretenimento.
Minha escrita é homopop, direta, visual, debochada, simples no desenrolar dos fatos, mas esperta na exposição da Verdade. Escrever contos é um exercício fantástico de criação imediata. Adoro esse estilo, no qual consigo sintetizar momentos conflitantes (ou excitantes, como queiram) em palavras que não sufocam a memória e a inteligência dos leitores; pelo contrário, tudo é de fácil degustação e compreensão imediata.
Tento escrever de um jeito em que minhas palavras possam ser colocadas em prática no minuto seguinte à sua leitura. Essa é a minha missão.
Alguns de seus fãs parecem ter desejos sexuais pelo autor de sua obra, não apenas admirando sua literatura. Já pensou em realizar algum trabalho como modelo ou ator erótico, atendendo a esse público?
MOA SIPRIANO: Minhas fotos amadoras, onde exponho caras e bocas e pelos e olhares profundos, têm a intenção direta de chamar o leitor para os meus escritos. Tenho plena noção das minhas limitações enquanto um pseudo “modelo de beleza masculina”. Sei que não me encaixo (nem tenho vontade de) na galeria dos gostosos de corpo, mas vazios em cérebro e atitude.
Há um certo esforço para me cuidar e produzir imagens que exponham um homem misterioso, decidido, autêntico e real. Isso é algo que faz parte do meu marketing de guerrilha. Afinal, se eu não investir em mim-eu-mesmo, se eu não aparecer, quem vai dar bola para um artista isolado em um mundo paralelo? Um artista que não cavouca sua própria área e constrói seu próprio espaço de direito?
Não me considero um artista acomodado. Não quero apenas escrever livros, lançá-los e deixá-los mofando numa prateleira editorial qualquer. Sou um homem completo e estou sempre buscando caminhos para ampliar minha atuação no nicho de mercado em que me propus atuar.
Se para isso tenho que usar minha criatividade e capacidade para “aparecer” em fotos cada vez mais ousadas, ou talvez em filmes e até mesmo em qualquer outro tipo de manifestação artística, pode apostar que vou superar meus limites para cumprir a contento todos os meus objetivos, desde que, é claro, tudo esteja dentro da estética visual mais apurada (em imagens que tenham razão de ser) e que nada deturpe a qualidade dos meus escritos.
Resumindo: não preciso mostrar meu cacete de bom tamanho ou o buraco peludo do meu rabo delicioso para figurar na galeria do “mais do mesmo”. Há infinitas maneiras de polemizar e chamar a atenção para um propósito específico. E eu sou capaz de fazer isso... a todo instante, mesmo com parcos recursos ou praticamente sem nenhum apoio externo.
Já se envolveu com alguém que se aproximou de você por causa de sua obra?
MOA SIPRIANO: Não e sim. Muitos homens tentam uma aproximação mais direta ao ver minha galeria de fotos ou, o que é pior, confundem Autor e Criação. Escolado, tiro de letra essas situações, tentando na maioria das vezes - e com muita, muita paciência - explicar de um jeito civilizado e educado ao pretendente que os anseios e desejos do Moa Pessoa não se misturam com o que o Moa Artista expõe.
Mas, para quem tem a sensibilidade de “ler nas entrelinhas” e sabe como me abordar, sim, já houve uma ocasião que permiti envolver-me com um cara que soube equilibrar e equacionar os dois “Moas” de uma maneira harmoniosa e inteligente.
Qual é o segredo? Um homem tem que me conquistar primeiro através de atos inteligentes e jamais entrando de sola na minha vida mostrando pintos ou bundas enfeitados com trejeitos transviados. Se você não consegue me surpreender, você não serve para estar do meu lado. E com toda certeza vai passar bem longe da minha cama. Pessoas vazias me cansam... facilmente.
Sua literatura transcende o homoerotismo, lidando com diversos fetiches diferentes, tais como dominação/submissão, técnicas alternativas de masturbação, incesto e sexo grupal, entre outros. No entanto, sua obra, ainda que mencione diversas formas de fetichismo, não parece se focar nisso. Os fetiches parecem ser meros detalhes, ainda que muito ricos. O que você consideraria o cerne de sua obra?
MOA SIPRIANO: A provocação deve ser uma constante. É provocando meu leitor que consigo transmitir a ele o que deve ser revelado. Pesquiso muito (teoria e, algumas vezes, prática), utilizo as fantasias que todos nós cultivamos e transformo fetiches e desejos em situações práticas repletas de referências que possam ser implementadas na sua vida... para o seu bem estar e sua evolução enquanto pessoa.
Adoro brincar com a imaginação alheia. Adoro confundir meus fãs, principalmente aqueles que curtem procurar nos textos algo que tenha a ver comigo na vida real.
Além disso, sexo é e sempre será o assunto do momento, pouco importa os caminhos que utilizemos para expressar nosso lado mais íntimo e selvagem (ou puro e imaculado). Na verdade, o que busco quando descrevo fantasias sexuais é exatamente expor ao leitor que ele pode e deve viver em plenitude todos os seus anseios.
Porém, que tudo o que for feito na intimidade com outro homem seja algo que lhe faça muito bem em primeiro lugar, que o conduza ao êxtase, ao prazer inefável a que todos nós temos direito de degustar (mesmo quando cerceados pela hipocrisia religiosa, por exemplo).
Libertar o homem gay de tabus e preconceitos e outras bobagens impostas ao longo de séculos de ignorância é a essência de todo meu trabalho.
O que, nas suas histórias, corresponde a fetiches seus e o que se trata apenas de recursos narrativos? Que fetiches o Moa de fato tem? O que Moa Sipriano realmente curte? Tem algum fetiche que não figurou ainda em sua obra que você pratica ou gostaria de praticar?
MOA SIPRIANO: Sou um homem pleno na minha sexualidade. Adoro sexo bem feito. Sou bom de cama pra caralho (e não há um pingo de modéstia nesse sentido - afinal ou você é ou não é... simples assim). A intensidade com que descrevo certas passagens em meus textos tem muito a ver com o cara fogoso e criativo que me considero tanto na cama como fora dela.
A maioria das situações homoeróticas descritas em minhas histórias são fictícias, claro. Apenas “caço” informação sobre aquilo que o personagem tem que viver naquele instante e deixo minha imaginação rolar solta e faceira. Agora, a “energia” contida nas tais passagens, pode apostar, é “Moa” cem por cento!
Confesso que são poucas as fantasias que não realizei com meus homens ao longo da vida. Amores e amantes que insistiram em ficar no eterno “papai-papai”, na rotina, no roteiro mais do que batido não tiveram uma passagem tranquila ao meu lado. Aquela coisa do eu chupo, você me come, você goza ou você me chupa, eu te como, eu gozo e vamos dormir felizes para sempre - argh!, isso me enoja. Sexo para mim é muito mais do que isso. Sexo para mim não tem cartas marcadas, não segue padrões, não se prende a cartilhas mal rascunhadas. Sexo, para mim, é a explosão do toque certeiro, é a dor consentida e prazerosa, é a pegada viril entre dois caras, é o barato em ser homem e ser fêmea sem deixar de ser macho nem um segundo sequer.
Sobre algo que não realizei na intimidade com outro homem? Há certamente muita coisa ainda a ser feita (risos), mas devo confessar que minha única e talvez maior frustração é de não ter conhecido nenhum cara que saiba equilibrar amor intenso e sexo selvagem na mesma medida.
Por mais estranho que possa parecer, só consigo ser pleno com um homem quando há um mínimo de sentimento alicerçado. Sexo por sexo, hoje em dia, perdeu muito terreno do tesão que havia em mim. Foi-se o tempo das minhas diabruras carnais inconsequentes.
Eu quero e busco um único homem único, com muita lenha pra queimar, e que seja completo, selvagem, rústico, criativo, sem barreiras, submisso e dominador, tudo ao mesmo tempo... exatamente como eu sou.
Há quem fale em “literatura de banheiro”, pois existe, entre alguns, o costume de se ler ao defecar. Seus livros já foram tachados por alguns fãs (anônimos) como “literatura de banheiro”, mas por outro motivo: por ser “melhor que revista pornô, pra masturbação”. Um fã (também anônimo) disse que sua literatura é de alto nível e reduzi-la a pornografia é uma ofensa. Como você se posicionaria com relação a isso?
MOA SIPRIANO: Desde que decidi virar escritor, a primeira pesquisa de campo realizada foi percorrer um numero absurdo de sites de contos eróticos e ler uma caralhada de relatos do gênero.
Como tudo era exatamente a mesma coisa, isto é, uma infinidade de baboseiras de ilusórias transas perfeitas com homens perfeitos que simplesmente não existem, procurei desde então descrever cenas reais (que você ou eu já realizamos um dia) com doses cavalares do mais sensato e delicioso homoerotismo.
Descrevo todas as minhas transas fictícias como eu mesmo faria com meu homem. Minhas passagens eróticas são praticadas por homens que gostam de homens e não por indecisos ou “bambees” que se contentam apenas com aquela pegação sem fim, que nunca os conduz a lugar algum.
Há leitores que tacham minhas obras como pornografia explícita e barata. Eu não vejo sob esse prisma. Seja na fodaria com ou sem amor, tenho orgulho do sentido que dou aos atos sexuais presentes em minhas histórias. Meus homens sabem foder. Ou aprendem como se deve fazer tudo com o máximo de prazer e satisfação.
E muitos leitores seguem à risca os capítulos fantásticos da minha bíblia erótica inacabada. E são felizes e se realizam e se deliciam com as descobertas expostas nos meus textos sabrínicos.
Sua literatura é distribuída gratuitamente, sendo que você disponibiliza um meio de fãs depositarem contribuições financeiras a você segundo quiserem e/ou puderem, mas sem nada exigir. O que levou você a adotar essa forma de publicar? Por que não cobrar por cada download?
MOA SIPRIANO: Esta é uma resposta simples. Em primeiro lugar, como não sou uma celebridade e não tenho nenhum apadrinhamento que banque meus modestos projetos (onde está você, meu tão sonhado mecenas?), a maneira mais prática, direta e rápida de tornar conhecida a minha arte foi criando e postando - através do meu site oficial - todos os meus livros.
Libero tudo o que escrevo para download gratuito, porque só assim tenho chances reais de conquistar cada vez mais leitores e críticos do meu trabalho. Pelo menos até que chegue o momento ideal para se concretizar uma parceria de negócios com alguém ou alguma empresa que compreenda a dimensão daquilo que produzo.
Enquanto isso, num trabalho solitário, eu mesmo desenvolvo todo o planejamento da minha carreira. Não travar meus arquivos digitais ou cobrar um valor fixo pelas minhas obras foi o caminho que encontrei para expor todas as minhas ideias, textos e conceitos para um número infindável de pessoas do mundo inteiro, através da internet.
Além disso, tem sido importantíssimo o retorno que tenho de pessoas anônimas (na maioria das vezes) que consomem diariamente minha literatura homopop. São pessoas que não me conhecem, nunca me viram, não tem qualquer tipo de vínculo comigo e assim, ao menos, garantem a veracidade das opiniões “sem falsa babação” daquilo que escrevo. E no lado inovação da coisa, até hoje, após sete anos, continuo sendo o único escritor assumido a publicar (a quantidade de) literatura gay de qualidade em língua portuguesa em formato digital e livre pela internet.
É claro que seria muito bom se todos os leitores que gostassem dos meus livros colaborassem no lado financeiro. Há poucos que contribuem - e são poucos mesmo! -, e os valores depositados em minha conta servem ao menos para manter meu site no ar. E isso, pra mim, é o mais importante.
Qual a sua opinião sobre o livro digital? Acredita que o livro impresso pode desaparecer?
MOA SIPRIANO: Jamais. Não há como o livro impresso, um dia, deixar de fazer parte de nossas vidas. Acredito que seja o único tipo de mídia que não corre o risco de cair no esquecimento, independente dos avanços da ciência e da tecnologia de entretenimento.
Encaro a revolução digital como algo benéfico e irrefreável. Há uma facilidade espantosa e de pleno acesso a quem queira expor suas ideias através da Grande Rede. Na verdade, a tecnologia nos proporciona o máximo de democracia da informação, por mais que muitos de nós ainda estejam fadados ao esquecimento digital.
Ebooks são a nova onda (está aí o iPad que não me deixa mentir) e muitos escritores têm finalmente a chance fantástica de publicar seus trabalhos, não importa se serão aceitos por uma editora convencional ou não... o que importa é fazer tudo o que estiver ao seu alcance para divulgar sua obra para o máximo de pessoas possível.
O que tem a dizer com relação ao modo como as editoras selecionam autores/obras a publicar?
MOA SIPRIANO: Muitas são ridículas e arcaicas. A maioria esmagadora das editoras segue um processo retrógrado de seleção de boas obras. Ok, concordo em plenitude que grande parte do que chega à porta de uma editora é realmente lixo cultural.
Mas, na era da celebridade instantânea, muita coisa bosta é publicada e grandes (ou pelo menos promissores e rentáveis) autores continuam no limbo por causa da incapacidade de certos editores e redatores em captar bons produtos literários que possam unir qualidade na escrita (boas histórias) com excelente retorno do investimento.
Eu fico pasmo, após ter sido baixado mais de 280 mil vezes - isso apenas divulgando minhas obras em sites de relacionamento - e de ter enviado meus originais para empresas cujas linhas editoriais meu trabalho segue, raramente ter tido uma linha sequer de reconhecimento, ou melhor, de ter que ouvir elogios rasgados ao meu estilo-qualidade-quantidade-etc e, na hora do vamuvê, as negociações simplesmente empacavam por pura falta de conhecimento de mercado da outra parte. Resumindo: falta completa de profissionalismo.
O que mais me deixa puto é ser ignorado por editoras que se dizem “simpatizantes” da causa gay (afinal, não deixo de ser um militante) ou que trabalham especificamente para o público gay (e eu sou o que, linda?!) e nem sequer sabem que eu existo (na verdade, sabem muito sobre mim, mas não têm capacidade de avaliar meu trabalho ou de me adequar às suas regras ridículas, provincianas e - agora grite! - preconceituosas.
Deixo claro que nada tem a ver ser gay e escrever coisas gays (como muitos acham) no que se refere ao conceito das minhas obras. Afinal, boa literatura, boa arte não têm sexo! Mesmo utilizando o medonho rótulo de “literatura gay”, isso é feito apenas a título de chamariz para leitores indecisos que não encontram facilmente obras do gênero dando sopa por aí. Enfim, o mercado glsbtrstuvxz (também abomino essa sopa de letrinhas) está escancarado e só não aproveita (empresários, onde estão vocês?) o momento quem não quer. Eu estou fazendo - e muito bem feita! - a minha parte!
Você acha que sua literatura seria mais aceita fora do país? Já pensou em publicar no exterior, em outros idiomas?
MOA SIPRIANO: Já fiz algumas tentativas, principalmente em Portugal (o terceiro país que mais consome minhas obras, atrás de Brasil e Japão), por causa da língua. Sei que alguns dos meus textos foram traduzidos por fãs e circulam pela internet em inglês, espanhol e francês.
Eu só não verto minhas obras - pelo menos as mais famosas - para outras línguas, bem como transpor meu site para algo mais internacional por um único motivo: a falta de recursos para bancar profissionais que pudessem adaptar, junto comigo, muitas de minhas obras.
Mas isso é algo que faz parte de um planejamento a médio prazo. Minha literatura é universal.
Suas histórias parecem acontecer normalmente em locais fictícios, ainda que sejam semelhantes a locais possivelmente reais. Alguma razão específica para isso? Por que não simplesmente usar locais reais?
MOA SIPRIANO: Muitas das minhas histórias acontecem no interior de uma ilha fictícia, chamada Lovland. Não há um motivo explícito para isso. Apenas idealizei esse local e fui aprimorando os enredos tendo como pano de fundo essa ilha. Mas também há romances que foram delineados em locais reais.
Posso citar 30 dias, cuja trama acontece em três cidades reais: Curitiba (PR), Jundiaí (SP) e Ilha Comprida (SP).
E por falar em Ilha Comprida, essa foi uma localidade onde vivi por quatro anos (2005-2009). Então, acredito que talvez por acomodação ou mesmo por causa do isolamento voluntário, tudo conspirou para fazer com que o uso da ilha real servisse como alicerce da minha ilha da fantasia.
Um fato que me intriga até hoje é que muita coisa que imaginei para Lovland (trocentos anos atrás), acabou se concretizando quando fui morar em Ilha Comprida: lugares, situações, pessoas, etc. E isso acabou mexendo comigo, no processo criativo, onde o fascínio pelas coincidências me impulsionou a criar cada vez mais histórias baseadas em uma ilha. Mas isso tende a se modificar.
Muitos dos meus novos trabalhos têm como pano de fundo locais reais: cidades pelas quais sou apaixonado ou que, de certa maneira, me proporcionaram momentos marcantes, bons ou ruins.
Já disfarçou uma história real de fictícia mudando apenas os nomes? O que acha dessa prática?
MOA SIPRIANO: Não adianta. Não há como escrever algo que não tenha ao menos uma centelha de realidade, de algo intrínseco ao autor. Por exemplo: Hans, meu primeiro conto, é totalmente baseado numa história real vivida por mim. Apenas os nomes e a localidade foram trocadas, porém mantendo exatamente os fatos como de fato aconteceram.
O mesmo se dá em O Sertanejo, Carta para um Amor Perdido, Revelações, Chico, O Advogado, O Clube dos Ursos, Colossus, etc. São experiências do autor travestidas em ficção, onde apenas alguns elementos romanescos deram brilho à narrativa, nada mais. Não tenho censura, nem um pingo de vergonha em expor algo que realmente vivi, desde que o motivo que me levou a explorar a porra da história traga algo de bom e proveitoso junto ao leitor. Senão, nada feito... vai na imaginação mesmo!
O problema é aguentar algumas reclamações, ameaças ou medos infundados daqueles que não queriam ser “revelados”... que o diga o personagem de O Sertanejo (risos), que me odeia até hoje (risos duplos).
Algumas de suas histórias trazem fetiches altamente tabus, como o incesto, por exemplo. Já ouviu relatos de fãs dizendo ter vivido situações semelhantes às de suas histórias? Que experiências você tem ou teve com incesto, sadomasoquismo e outras formas de fetichismo?
MOA SIPRIANO: Muitos relatos de leitores servem como base das minhas histórias mais polêmicas. Meus livros que tratam sobre incesto: Meu pai, meu homem e Meu filho, meu amante são baseados nesses relatos. Em se tratando de mim-eu-mesmo, não posso dizer que vivi na prática algo do gênero, mas devo confessar que o primeiro homem que marcou a descoberta da minha sexualidade - mesmo sem eu ter noção disso - foi o meu pai.
Na verdade, eu nunca o vi como pai e sim como homem e o desabrochar dos meus instintos sexuais se deram imaginando esse homem como sendo uma só carne unida ao meu corpo. Aos 8, 9 anos, tudo se resumia a imagens difusas, sensações confusas por algo adormecido no meu interior que mexia muito comigo. Por que eu gostava de homens? Por que eu desejava, sei lá como - na cabecinha de uma criança - aquele homem? Estranho? Nem tanto.
Quando criança, apesar da pouquíssima convivência paterna (meus pais se separaram quando eu tinha apenas 12 anos incompletos), todas as horas vividas com meu pai foram instantes de pura contemplação. Mesmo sem entender o que eu sentia, minha admiração pelo homem que ele demonstrava ser beirava o absurdo: para mim, ele era o mais belo exemplar de macho, o mais viril, o corpo mais perfeito, os divinos pelos negros a cobrir sua pele alva, o volume do belo sexo que intrigava meus instintos, durante nossos ingênuos banhos pai-e-filho; enfim, ele era o mais tudo!
Sua inteligência - meu grande fraco até hoje quando conheço um cara - e forma de ver e encarar a vida projetaram em mim o homem que eu queria ser, ou melhor, ter ao meu lado quando eu virasse um adulto. É evidente que tudo caiu por terra quando fiquei mais velho. As fantasias de criança se dissiparam quando vim a descobrir a ausência do homem que deveria ter sido pai... e nunca foi.
Aos 14 anos, quando assumi minha homossexualidade para mim-eu-mesmo, traços paternos (do pai que não fora pai) ainda se faziam presentes nas primeiras transas, nos primeiros namoricos: os primeiros homens da minha vida sexual eram bem mais velhos do que eu e isso tornou-se uma constante até meus trinta e poucos anos. E antes que um idiota de plantão cometa o absurdo de afirmar que virei gay por causa dessa fixação ou ausência paterna, saiba que isso nada tem a ver com aquilo que optei (e tenho que) ser: um homem pleno que adora outro homem pleno, onde o amor ou o sexo resultante dessa união em nada difere dos padrões estabelecidos por qualquer sociedade, em qualquer época.
Amor, definitivamente, não tem sexo. Deus é a prova maior disso! É Ele a prova irrefutável de que optar em ser macho-fêmea ao mesmo tempo é algo... divino!
Laços & Botas, meu primeiro livro explícito sobre bondage (há passagens do gênero também em “30 dias”), foi parcialmente baseado na minha única experiência referente a amarrações, velas acesas, fitas adesivas, cordas, atos de dor moderada (jamais algo violento, tudo devidamente controlado e feito de comum acordo), dominação e submissão que tive com um cara da minha cidade.
Juntos, “experimentamos” tudo o que nosso senso de fantasia nos permitia. Buscamos os limites de cada um, no prazer e nos mistérios descobertos que abalavam nosso lado psicológico. Em outras palavras, viajamos em planos paralelos (sem drogas, apenas sexo e, algumas vezes, muita cerveja) e nos permitimos testar, vivenciar aquilo que sabíamos na teoria, nada na prática.
Ser submisso, amarrado, “queimado” com parafina por um cara que ao mesmo tempo me cobria de amor, de dor e de prazer é algo indescritível. Ao som de Prodigy e Orbital no talo, embalado por trocentas latas de Skol (e as vezes sem um pingo de álcool no sangue), meu lado dominador aflorou com uma força que eu nunca imaginava possuir dentro de mim-eu-mesmo; foder um homem amarrado, imobilizado, silencioso, totalmente submisso aos meus caprichos e à fúria do meu sexo, da minha língua insana e das minhas inesquecíveis mordidas em suas costas e em sua bunda magra... foi algo muiitttoo lôco!
Por outro lado, ser dominado, me submeter aos caprichos do meu “macho” e dar o máximo de prazer ao meu companheiro de outrora, de fodaria intensa, pude me entregar por completo, sem pudor, todo o medo infundado caiu por terra, junto com meu suor e minha porra... foi assim que tudo aconteceu. Foi algo mágico, transcendental...
Foi assim que tudo ficou na saudade. Confesso que tudo o que vivi nesse sentido me proporcionou uma série de experiências muito bem aproveitadas na construção de minhas histórias de sucesso.
Você considera suas histórias sexualmente instrutivas também? Ou essa noção não meramente prazerosa lhe seria incômoda?
MOA SIPRIANO: Sim, minhas histórias, definitivamente, são uma aula do bom sexo entre machos e da correta iniciativa de tudo. Há sempre uma moral, uma pergunta que deixo no ar em praticamente todos os meus textos: Vale a pena?
Se o leitor souber captar a essência do que exponho, ele terá a resposta nos minutos seguintes, após baixar a emoção, daquilo que ele acabou de ler. Por mais filhadaputamente que seja uma passagem qualquer de uma história que contenha cenas de sexo, há sempre um motivo muito específico de porque o personagem passou por aquela situação.
Meus textos visuais são bem amarrados. A todo momento fico martelando na cabeça do leitor: Vale a pena? Vale a pena? E a resposta eu mesmo dou agora: Sim, tudo vale a pena ser vivido, desde que você esteja preparado para encarar o desafio. Quer trepar com 30 caras numa só noite? Vale a pena, se você tiver estrutura para encarar e souber preservar seu corpo e sua mente sãos.
Quer encontrar um grande amor baseado no que acabou de ler naquela história melacueca momodiana? Sim, vale a pena seguir as regrinhas expostas, desde que você se ame em primeiro lugar e esteja preparado para compartilhar esse amor com o outro lado.
Eu sempre escrevo sobre o óbvio. Relato com sinceridade tudo aquilo que o gay tem vontade de ser e fazer na cama e na vida. Tento mostrar caminhos para a Felicidade. Eu exponho tudo, jamais imponho nada. Essa é a regra do meu jogo.
Muitas vezes, produtos são mencionados com suas marcas/fabricantes em suas histórias. Em vez de “computador” ou “notebook”, você diz “um Mac”, “um HP”. Em vez de “achocolatado”, diz “Nescau”. Especifica “leite Ninho”, em vez de simplesmente dizer “leite” ou “leite em pó”. Busca ou recebe algum patrocínio por isto? Qual o motivo para buscar revelar as marcas dos produtos?
MOA SIPRIANO: Menciono produtos que eu gosto, uso, admiro, consumo. Usar marcas dá mais veracidade à narrativa, no meu modo de encarar as coisas. Quando cito determinada empresa/produto, o faço por extremo prazer ou devoção à marca. Nada além disso.
Claro, não sou hipócrita. Se um dia uma empresa citada achar que meu produto é um bom produto de veiculação da sua marca, que problema há em se ganhar uns trocos?
Eu imprimo todos os meus textos numa HP, adoro leite Ninho, não vivo sem Nescau, devoro a Folha e todos os meus livros estão em processo de conversão para serem lidos no iPad (risos). Ah, claro, o xampu que eu uso para os meus cabelos (do saco) e os meus pelos ficarem macios, cheirosos e deliciosos ao toque das mãos másculas alheias é ... (melhor parar por aqui! - ah ah ah!)
Você é considerado e parece se considerar um “urso”. O protagonista central de suas histórias parece ser, na maioria das vezes, um “urso”, mas geralmente com alguma indicação de que esse protagonista não é você e as fotos das capas de seu livros não parecem usar jamais uma foto sua nelas, embora seu site exiba fotos suas. A que se deve o fato de o protagonista de suas histórias fictícias ter aspectos semelhantes ao do escritor? O que há por trás dessa técnica?
MOA SIPRIANO: Acho um barato a utilização de rótulos. Encarnei o “urso” em minhas fotos pelo simples fato de aceitar que meus pelos chamam a atenção do meu “público”. Como sei que não me enquadro no padrão ideal de um homem esteticamente perfeito, pelo menos não nos moldes estereotipados, minhas armas têm sido expor pelos e olhares para angariar mais admiradores à minha arte.
Quanto ao protagonista central, sim, a maioria são homens viris, peludos, decididos e assumidos. Como faço questão de confirmar, eu sou um homem que escreve para homens. E as semelhanças realmente batem: eu detenho as qualidades referentes aos homens que crio para levar uma história adiante.
Não é só técnica. Acredito que seja mais um estilo mesmo. A transparência nos meus relatos e a maneira como encaro a vida são muito palpáveis.
Você pretende ter outra atividade profissional além de escritor no futuro?
MOA SIPRIANO: Hoje, escrever é a essência da minha vida enquanto artista. Mas no futuro, dentro de poucos anos, quero me tornar um artista completo. Nunca me vi como um cara que escreve bem e tem seus livros publicados mofando numa estante qualquer. Eu sou (e quero) mais do que isso. Tudo o que produzo é pensado e direcionado para se transformar em qualquer manifestação artística: filmes, peças teatrais, performances, livros, multimídia, etc.
Em breve, quero voltar a filmar e dirigir meus próprios curtas-metragens, por exemplo. Além disso, quero me aperfeiçoar nas produções fotográficas; ainda há muito a ser explorado e eu tenho muita coisa para mostrar visualmente, sequências inusitadas que complementarão as ideias dos meus textos. Estou preparando meu corpo e minha mente para isso. Na arte, ainda vou polemizar horrores como nunca foi visto na história desse país (risos).
Sua escrita, ainda que homoerótica, não parece enaltecer a chamada “comunidade gay”. Qual o seu posicionamento no que se refere as máximas “homoerotismo” e “comunidade gay”?
MOA SIPRIANO: Se fazer parte de uma comunidade gay é sair por ai lôca pra dar pra qualquer um caçado no meio de uma Parada TecnoCarnavalesca Pirlimpimpante, tô fora; isso não faz parte da minha natureza.
Se homoerotismo é o velho “tamanho de pau”, “o jardineiro gostoso”, “minha primeira foda com o vizinho” e outras tranqueiras que não excitam em nada e soam hiper falsas, também não é nisso que minha obra se encaixa.
Meu conceito de “comunidade gay” é baseado na união de pessoas que decidem assumir, em primeiro lugar, para si mesmo aquilo que são e, em seguida, ajudar todos aqueles que - por ignorância ou incapacidade - não conseguem viver em plenitude algo que é natural e deve ser encarado como tal.
Acredito que o que eu exponho hoje através da literatura tem tudo a ver com o lado “assistencial” no que tange ao apoio que presto a milhares de gays e simpatizantes que encontram nas minhas palavras, nas minhas experiências de VIDAS, na minha vivência sexual todas as ferramentas necessárias para se conviver feliz e em paz consigo mesmo.
Meu homoerotismo abre caminhos e desperta muito mais do que tesão enrustido: eu sempre entrego todas as chaves que abrem as portas da realização plena dos prazeres que você têm o direito de experimentar do seu jeito, no seu tempo, com quem você quiser.
Alguns de seus personagens parecem levar uma vida dupla, buscando disfarçar seus desejos homoeróticos perante a família e outros, mas realizando tais desejos avidamente às escondidas. O que você pensa sobre “sair (ou não) do armário”? Considera isso estritamente necessário?
MOA SIPRIANO: Você precisa ter consciência do que você é (e sente, e quer) para viver bem consigo mesmo. Isso vale para tudo na vida. Na minha opinião, a energia que se gasta para esconder sua homossexualidade, as mentiras, os encontros secretos, enfim, toda a farsa que você tem que encenar muitas vezes por uma existência inteira... definitivamente nada disso vale a pena. Uma hora ou outra, você tem que tomar uma decisão: encarar de frente o que se é ou viver uma mentira eterna, onde há o bônus do sofrimento embutido.
O que vale a pena de verdade?
Eu sou um homem que descobriu em tenra (e ingênua) idade ser homossexual. E jamais, nunca, nunca mesmo, tive qualquer problema em encarar esse detalhe de frente. Assumi o que eu sou tanto para mim, quando perante as pessoas que cruzaram meu caminho.
Ser um homossexual pleno (no que se refere à aceitação pessoal) me tornou um homem forte e decidido. Nunca permiti ser objeto de chacota diante de ninguém. Sempre usei da sinceridade e do diálogo franco e direto para mostrar a todos que eu sou um ser humano idêntico a qualquer um; que eu tenho dores e alegrias e sonhos e ilusões e anseios exatamente como você, o Papa ou o Barbapapa.
Expor respeito impõe respeito.
Sendo assim, aprendi como ensinar as pessoas a serem mais tolerantes, mostrando a elas que, no final de tudo, todos somos realmente iguais! O gay que se apega ao ridículo de achar que somos “pecadores", “aberrações", “doentes" e outras tontices que não se sustentam por si só, infelizmente está fadado a viver na mais profunda dor e solidão.
Por tudo que relatei e por mais uma série de motivos é que, em meus textos, mostro claramente ao leitor os problemas que os “enrustidos" tendem a enfrentar. E mais uma vez deixo a pergunta no ar: Vale a pena... sofrer por ignorância?
Afinal, para sair do armário, basta abrir a porta. É só você querer. É só você se dar A Chance. Simples assim.
Suas histórias parecem nem sempre buscar o romantismo ou a monogamia, embora esse desejo esteja em algumas. Você acredita que a monogamia não é para todos?
MOA SIPRIANO: O homem (não sei nada sobre mulheres) é um bicho filho da puta e pronto. Sexo sempre foi e sempre será primordial numa relação, seja ela gay ou não. Esse papo de que “sexo é apenas um complemento...” é a mais pura retardadice. Isso, definitivamente, não existe.
Se na cama, com seu macho, as coisas não vão bem, pode apostar: vem traição a cavalo. A merda está feita e qualquer sentimento mais profundo cai por terra, pisoteado, massacrado pela vaca da Desconfiança.
Definitivamente, a monogamia não é para todos. Mas até para viver livre para se relacionar intimamente com quem e quantos você quiser, você tem que ter uma estrutura cabeça-espiritual-emocional boa pra caralho! Se para você, “ficar” é o suficiente, te satisfaz, vá em frente!
Porém, eu, Moa, ainda sou daqueles que apostam em relação a dois e nada mais, por mais complicadas que elas sejam dentro de um universo tão volátil como o universo gay. Afinal, a maioria de nós - gays - temos o dom de complicar ao cubo algo que deveria ser tão simples.
Qual a sua opinião no que se refere a homens que se casaram com mulheres, ou se tornaram sacerdotes, mas exercem em segredo seus desejos homoeróticos?
MOA SIPRIANO: O problema todo está justamente aí: no “segredo”. Não adianta, viver assim jamais vale a pena e tudo que se colhe é dor, solidão, depressão e angústia sem fim.
Conheço pessoalmente uma caralhada de monges e padres e afins – na minha juventude, a vida e o amor por um homem me fizeram viver no seio da Igreja por longos sete anos - que exercem seus desejos, digamos, carnais (sejamos honestos... há muito sentimento puro também) e permanecem num círculo vicioso e tenebroso de prazer e punição por não aceitarem aquilo que, mesmo sem saber, optaram ser nessa existência.
É um conflito interno horrível que costuma deixar marcas profundas para aqueles que não conseguem se libertar da incerteza. O mesmo vale para homens (que não são bissexuais assumidos ao menos para si mesmos) que se casam por obrigação, para esconder o que geralmente é óbvio demais. Tudo por imposição de uma religião ou para honrar os “valores” de uma família, ou uma posição importante numa empresa, entre outros absurdos.
Você pode até querer se enganar, mas não adianta: quando você se descobrir, nada vai conseguir disfarçar aquilo que você tem que viver.
Seu site indica histórias envolvendo elementos sobrenaturais, além de fantasia. O que o levou a incluir o sobrenatural em sua obra?
MOA SIPRIANO: Não encaro como sobrenatural alguns textos que exploram, de certa maneira, a espiritualidade. Todos nós precisamos ter fé em algo. Não conseguimos encarar nossa existência sem apoiarmos nossas crenças em algo superior.
Da mesma forma que combato a hipocrisia - jamais a fé de ninguém - no meio religioso no que se refere ao ataque que sofremos diante dos intolerantes (toda religião, para mim, é hipócrita em sua essência, pois o que se considera “divino” apenas é interpretado segundo a conveniência daqueles que se julgam donos da Palavra e detém o poder perante as massas ignorantes), utilizo muitas vezes de uma linguagem espiritualizada para justamente mostrar a lógica de fatos concretos.
Gosto de contrabalançar a franqueza com a qual exponho a realidade em nosso meio com mensagens elevadas dos meus próprios descobrimentos nos caminhos de uma fé baseada em vivências reais, onde nada é teórico ou imposto por macacos amestrados (é assim que eu vejo quem é fanático religioso ou pau mandado de quem acha que é “um escolhido” de Deus) e sim, vivido em plenitude por mim-eu-mesmo.
Em histórias como Manual prático para um suicídio bem-sucedido, DOIS, Revelações, por exemplo, pincelo os motivos reais que levam uma pessoa a optar por ser gay em uma determinada existência. Exponho detalhes de reencarnação, leis universais de “causa e efeito”, e destruo com facilidade o mito de que o Homem lá de cima odeia os bambees, entre outros temas que dão um nó na cabeça de muita gente pouco esclarecida.
Ainda tenho muitas histórias que envolvem espiritualidade e sexualidade para serem contadas, bem como há ideias de contos voltados para o lado fantástico, nos quais pretendo explorar mitos como fantasmas, vampiros e outros tantos folclores que deliciam as pessoas.
Tudo recheado de homoerotismo, tudo abarrotado de verdadeiros homens que vivem a realidade deliciosa, nua e crua junto de seus machos na intimidade.
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